Os Custos do Assédio Moral e Sexual para as Carreiras Corporativas de Mulheres
DOI:
https://doi.org/10.20401/rasi.9.3.736Palavras-chave:
Assédio Moral, Assédio Sexual, Gestão de Pessoas, Equidade de Gênero, Carreira FemininaResumo
Historicamente, a divisão do trabalho foi estruturada conforme as relações de poder estabelecidas entre gêneros, atribuindo as áreas reprodutivas às mulheres e as produtivas aos homens. A inserção das mulheres em funções geralmente pertencentes ao homem ressignifica a relação de poder e abre precedentes para interações opressivas. Diante deste contexto, esta pesquisa objetiva identificar quais são as interferências enfrentadas pelas mulheres na ascensão em suas carreiras após sofrerem assédio moral ou sexual. Para atingir este objetivo, entrevistamos 12 mulheres que já foram vítimas de assédio moral e/ou sexual durante suas carreiras corporativas. Como principais resultados, destacamos que as demissões, as solicitações de desligamentos, as trocas de áreas, as mudanças de cargo, as ações judiciais e a consideração de redução de cargos e salários foram as principais interferências enfrentadas por estas mulheres durante suas trajetórias. Além disso, por meio dos relatos, foi possível identificar comportamentos abusivos e a distribuição de cargos nas estruturas hierárquicas organizacionais como pontos em comum no perfil dos assediadores.
Downloads
Referências
Abreu, H., & Gardinali, M. (2016). O assédio sexual como obstáculo à igualdade material de gênero. Brasília: Revista Omnes – ANPR.
Anwar, S. M., & Burfat, F. M. (2021). The Effects of Harassment of Working Women at Male Dominated Workplace. Pakistan Journal of Social Sciences (PJSS), 41(1).
Babic, A., & Hansez, I. (2021). The glass ceiling for women managers: antecedents and consequences for work-family interface and well-being at work. Frontiers in psychology, 12, 618250.
Barbosa, A. D. S., Romani-Dias, M., & Veludo-de-Oliveira, T. M. (2020). As Facetas da Comodificação de Mulheres: Violência no Contexto Universitário de Administração. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 582-599.
Barreto, M. M. S. (2005). Assédio moral: a violência sutil-análise epidemiológica e psicossocial no trabalho no Brasil. Doctoral dissertation - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Beauvoir, S. (1970). O segundo sexo. Sérgio Milliet, 4ª edição. São Paulo: Difusão Europeia do livro, vols. I e II.
Bourdieu, P. (2010). A dominação masculina. (Trad. Maria Helena Kühner). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Cárdenas, M. C., Eagly, A. H., Salgado, E., Goode, W., Heller, L. I., Jaúregui, K., ... Tunqui, R. C. (2014). Latin American female business executives: An interesting surprise. Gender in Management, 29(1), 2-24. 10.1108/GM-06-2013-0067.
Corrêa, A. M. H., & Carrieri, A. D. P. (2007). Percurso semântico do assédio moral na trajetória profissional de mulheres gerentes. Revista de Administração de Empresas, 47, 22-32.
Creswell, J. (2007). Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e mistos.
Tradução de Luciana Oliveira da Rocha. Porto Alegre: Artmed. Bookman.
Dias, I. (2008). Violência Contra as Mulheres no Trabalho. O caso do assédio sexual.
Sociologia, Problemas e Práticas, 57, 11-23.
Diniz, A. P. R., Silva, A. D., & Menezes, R. S. S. (2011). Entre “Maria” e “Eva”: as representações sociais de executivas sobre a profissão. In: XXXV Encontro Nacional da Anpad, Rio de Janeiro
Dutra, J. S. (1996). Administração de carreiras: uma proposta para repensar a gestão de pessoas. São Paulo: Atlas.
Feldblum, C. R., & Lipnic, V. A. (2016). Select task force on the study of harassment in the workplace. Washington: US Equal Employment Opportunity Commission.
Fernandes, M. N. De F., Brito, E. S., Silva, A. G., Piccolo, I. B., Souza, J. L., Cunha, L. P., & Makyama, T. S. V. (2019). Assédio, sexismo e desigualdade de gênero no ambiente de trabalho. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Franca, 14(1), 237-253.
Fernandez, R. M., & Rubineau, B. (2019). Network recruitment and the glass ceiling: Evidence from two firms. RSF: The Russell Sage Foundation Journal of the Social Sciences, 5(3), 88-102.
Ferrari, L., Mari, V., De Santi, G., Parini, S., Capelli, G., Tacconi, G., … & Gumbs, A. (2022). Early barriers to career progression of women in surgery and solutions to improve them: a systematic scoping review. Annals of Surgery, 276(2), 246 – 255.
Figueiredo, M. G., & Diniz, G. R. S. (2018). Mulheres, casamento e carreira: um olhar sob a perspectiva sistêmica feminista. Nova Perspectiva Sistêmica, 27(60), 100 – 119.
Fonseca, J. J. S. (2002). Apostila de metodologia da pesquisa científica. João José Saraiva da Fonseca.
Freitas, M. D. (1996). Assédio sexual: a proposta perversa. RAE Light, 36(3), 4-9.
Freitas, M. E. D. (2001). Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de administração de Empresas, 41, 8-19.
Freitas, M. E. D. (2007). Quem paga a conta do assédio moral no trabalho?. RAE eletrônica, 6.
Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa (Vol. 4, p. 175). São Paulo: Atlas. Guerra, R. D. (2011). Mulher e discriminação. Belo Horizonte: Fórum.
Higa, F. D. C. (2016). Assédio sexual no trabalho e discriminação de gênero: duas faces da mesma moeda?. Revista Direito GV, 12, 484–515.
Hirigoyen, M. F. (2002). Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Bertrand Brasil.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101784_informativo.pdf>. Acesos em Acesso em 02 mar 2022.
Johnson, A. (1997). The gender knot: unraveling our patriarchal legacy. Philadelphia, PA: Temple University Press.
Johnson, P. A., Widnall, S. E., Benya, F. F., & Washington, D. C. (2018). Sexual harassment of women. Climate, culture, and consequences in academic sciences, engineering, and medicine. Washington: National Academy of Sciences.
Kanan, L. A. (2010). Poder e liderança de mulheres nas organizações de trabalho.
Organizações & Sociedade, 17(53).
Kergoat, D. (2003). Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. Trabalho e cidadania ativa para as mulheres: desafios para as Políticas Públicas, 55–63.
Lewellyn, K. B., & Muller-Kahle, M. I. (2020). The corporate board glass ceiling: The role of empowerment and culture in shaping board gender diversity. Journal of Business Ethics, 165(2), 329-346.
Lima, C. A. P. C., Oliveira Silva, B. C., & Bezerra, J. C. V. (2020). Mulher macho, não senhor! Um estudo de caso sobre a percepção de gestoras e seus pares a respeito do modelo de gestão feminina. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, 6(3), 7-21.
McEwen, C., Pullen, A., & Rhodes, C. (2021). Assédio sexual no trabalho: um problema de liderança. Revista de Administração de Empresas, 61.
Miller, T. R., & Lemons, M. A. (1998). Breaking the glass ceiling: lessons from a management pioneer. SAM Advanced Management Journal, 63, 4-9.
Nardes, L., Gallon, S., & Rech, E. (2020). Percepção de Carreiras das Mulheres: As Barreiras no Desenvolvimento da Carreira. Administração de Empresas em Revista, 3(21), 160- 185.
Pimenta, W. (2014). Dupla jornada de trabalho: uma análise da condição feminina no trabalho doméstico. In: VIII Jornadas de Sociología de la Universidad Nacional de La Plata.
Prohaska, A., & Gailey J. (2009). Achieving masculinity through sexual predation: the case of hogging. Texas, EUA: Journal of Gender Studies.
Reis, A. C. G. (2014). Percepção de barreiras na carreira e diversidade de género: Estudo com uma amostra de trabalhadores do sector energético. Doctoral dissertation.
Shaw, E., Hegewisch, A., & Hess, C. (2018). Sexual harassment and assault at work: Understanding the costs. Institute for Women’s Policy Research Publication, IWPR B, 376.
Steil, A. V. (1997). Organizações, gênero e posição hierárquica-compreendendo o fenômeno do teto de vidro. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, 32(3).
Thome, C. F. (2012). O princípio da igualdade de gênero e a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores. O princípio da igualdade de gênero e a participação das mulheres nas organizações sindicais de trabalhadores.
United States. Federal Glass Ceiling Commission. (1995). A solid investment: Making full use of the nation's human capital: recommendations of the Federal Glass Ceiling Commission. The Commission. Disponível em < https://ecommons.cornell.edu/bitstream/handle/1813/79349/GlassCeilingRecommendations.p df?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 18 mar 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista de Administração, Sociedade e Inovação
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A RASI, de acordo com a Lei nº 9.610, de 19.02.98 que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, adota as seguintes condições da Cessão de Direitos Autorais:
- A Revista de Administração Sociedade e Inovação (RASI) mantém, com a cessão dos direitos autorais, a posse dos direitos sobre os conteúdos por ela publicados;
- O autor retém seus direitos morais do conteúdo, incluindo o direito de ser identificado como autor sempre que o conteúdo for publicado;
- Apesar da atribuição dos direitos autorais o autor retém o direito de reutilizar o material em coleções futuras de seu próprio trabalho sem ônus. Os reconhecimentos da publicação anterior na RASI são as únicas exigências em tais casos;
- O autor pode fazer fotocópias do conteúdo, ou distribuí-lo por meio de correio eletrônico ou fax, desde que destinadas às suas próprias aulas e com finalidade de atender objetivos de pesquisa, sob a condição de que: (a) tais cópias não sejam revendidas e (b) referência a fonte original da publicação e o nome da RASI estejam indicados claramente em todas as cópias feitas do material.
