Novas tendências nas relações de trabalho: o discurso produzido pela empresa Mary Kay

Autores

  • Luana Sodré da Silva Santos UFRRJ/Mestranda
  • Gabriela Izabel de Alvarenga UFRRJ/Mestranda

DOI:

https://doi.org/10.20401/rasi.5.1.229

Palavras-chave:

ideologia, relações de trabalho, mary kay

Resumo

As modificações do mundo do trabalho sustentaram-se por meio de uma ideologia que legitima os discursos produzidos pelas organizações a fim de convencer os indivíduos a aceitarem trabalhar sobre os novos moldes. A partir da preocupação com essa questão, esse estudo, de natureza qualitativa, objetivou analisar, a partir de materiais discursivos produzidos pela empresa Mary Kay Inc., elementos ideológicos que facilitam a adesão e o engajamento dos consultores/as à empresa. Para tanto, coletaram-se dados do catálogo informativo disponibilizado no site da empresa com informações para as possíveis candidatas a posição de Consultora Independente. Para ampliar o conhecimento acerca do catálogo, foi feita a leitura do livro Milagres Acontecem de Mary Kay Ash, fundadora da empresa, e o acompanhamento da página do Facebook, Mary Kay Brasil. A análise pautou-se na teoria de Thompson (1995), que descreve cinco modos de operação pelos quais a ideologia pode operar: legitimação, dissimulação, unificação, fragmentação e reificação. Conclui-se que as estratégias contidas nesses modos de operação maquiam a realidade empresarial a qual as consultoras estão submetidas, tornando justa a relação de dominação que existe entre a empresa e as consultoras e naturalizando a venda com lucratividade, facilitando a adesão e o engajamento das consultoras à empresa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriela Izabel de Alvarenga, UFRRJ/Mestranda

Mestranda em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Possui pós-graduação lato-sensu em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e graduação em Comunicação Social pela Universidade Candido Mendes (UCAM).

Referências

Abílio, L. (2014, Outubro 27). A cosmética do trabalho e o trabalho da cosmética. TV Boitempo. Entrevista concedida a Jorge Machado. Recuperado em 05 de março de 2017, de: https://www.youtube.com/watch?v=J2-0rye_z2o.

Ash, M. K. (1994). Milagres que acontecem. 3. ed. Brasil: Mary Kay Inc.

Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABVD). Venda Direta. ABVD. Recuperado em 04 de maio de 2017, de http://www.abevd.org.br/venda-direta.

Braverman, H. (1987). Trabalho e Capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: LTR.

Boltanski, L., & Chiapello, E. (2009). O novo espírito do capitalismo. Editora Martins Fontes. São Paulo.

Castel, R. (1998). A nova questão social. In: Castel, Robert. As metamorfoses da questão social: uma cronica do salário (pp. 495-559). Petrópolis: Vozes.

Chauí, M. (2008). O que é ideologia? (3a ed.) São Paulo: Brasiliense.

Engels, F. O capital de Marx. In: Engels, F., & Marx, K. Obras escolhidas, (vol.2, pp.23-28) São Paulo: Editora Alfa-Omega.

Faria, J. H. (2004). Economia Política do Poder. Curitiba: Juruá.

FARIA, J. H., & Meneguetti, K. F. (2007). O sequestro da subjetividade. In: Faria, J. H. (Org.). Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas.

Franco, D. (2017, maio). As Novas Ideologias do Trabalho Capitalista e o Discurso da Empresa Uber. Anais do Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Curitiba, PR, Brasil.

Godoy, A. S. (1995). Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, 35(3), 20-29. Recuperado em 20 de abril de 2016, de http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n3/a04v35n3.pdf.

Harvey, D. (2008). Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural (17a ed.) São Paulo: Loyola.

Hirata, H. (2009). A precarização e a divisão internacional e sexual do trabalho. Sociologias, Porto Alegre, (21), 24-41. Recuperado em 26 de abril de 2015, de
http://seer.ufrgs.br/index.php/sociologias/article/view/8854/5097.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Recuperado em 06 de maio de 2017, de ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Mensal/Comentarios/pnadc_201705_comentarios.pdf.

Ituasse, C. T., & Tonelli. M. J. (2012). Notas sobre o conceito de sucesso: sentidos e possíveis (re)significações. Rev. Adm. Mackenzie, 13 (6).

Lemos, A., Rodriguez, D., & Monteiro, V. (2011). Empregabilidade e sociedade disciplinar: uma análise do discurso do trabalho contemporâneo à luz de categorias foucaltianas. O&S, 18, (59), 567-584.

Mary Kay. (n.d). Ser Consultora de Beleza Independente para ser o que você quiser [Catálogo]. Recuperado em 05 de maio de 2017, de: https://goo.gl/eJwNmH.

Motta, F. C. P. (1993). Controle social nas organizações. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 33 (5), 68-87.

Oltramari, A. P., Paula, M. J., & Ferraz, D. L. (2014). Do Departamento Pessoal ao Recursos Humanos Estratégico: os subsistemas e a sofisticação do controle do trabalhador. In: Soboll, L. A., & Silva, D. L. Gestão de Pessoas: armadilhas da organização do trabalho. São Paulo: Atlas.

Pages, M., Bonetti, M., Gaulejac, V., & Descendre, D. O poder das organizações. (1a ed.) São Paulo: Atlas, 2008.

Pêcheux, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. (1995). (E., Orlandi , L., Chacon, M., Corrêa e S., Serrani Trad.). Campinas, SP: Editora da Unicamp.

Prates, P. R. (2005). Símbolo do coração The heart as symbol. História, Ciências, Saúde–Manguinhos, 12 (3), 1025-31.

Rocha, S., & Fraga, A. M. (2017, maio). Tempo, Contexto, agência e sentido: retomando classe social para a discussão de carreira. Anais do Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Curitiba, PR, Brasil.

Sá, P., Lemos, A., & CAvazotte, (2014). F. Expectativas de carreira na contemporaneidade: o que querem os jovens profissionais? Revista ADM.MADE, 18 (2), 8-27.

Sennett, R. (2009). A corrosão do caráter: Consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record.

Silva, R., & Alcapipani, R. (2004). As transformações do controle na siderúrgica riograndense- uma análise foucaultiana. O&S, 11 (29).

Thompson, J. (1995). Ideologia e Cultura Moderna. Petrópolis: Vozes.

Vieira, R. (2016). Mary Kay e sua confraria do carro rosa avançam no Brasil. Revista Exame, São Paulo. Recuperado em 15 de maio de 2017, de http://exame.abril.com.br/revista-exame/mary-kay-e-sua-confraria-do-carro-rosa-avancam-no-brasil/.

Wissmann, A., & Leal, A. (2017, maio). Experiências de microempreendedorismo individual na ótica das relações de trabalho no município de Rio Grande-RS. Anais do Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Curitiba, PR, Brasil.

Wood, T., & Paula, A. (2002). Pop-managent: contos de paixão, lucro de poder. O&S, 19 (24).

Wood, T., & Paula, A. (2002). A mídia especializada e a cultura do management. O&S, 13 (38).

Downloads

Publicado

2019-01-01

Edição

Seção

Artigos Científicos